BLOG DA PRÔ THAÍS RUSSO

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O que é Dislexia?





Histórico – Pela dificuldade em compreender que o disléxico tem facilidades e paralelas dificuldades em seu modo peculiar de ser e de aprender, registramos breve histórico da pesquisa científica sobre o que é Dislexia. Gostaríamos que esta referência se torne em singela homenagem aos valorosos profissionais que, há 130 anos, vêem trazendo luz ao entendimento desta intrigante dificuldade de aprendizado, que se constitui em um de nossos mais sérios desafios sociais, a propor uma verdadeira revolução na prática educacional no mundo da escola.

Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos.
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente…

Para bem definir o que é Dislexia, é preciso que melhor se possa entender o ser humano, como ele aprende e o por quê de seu modo peculiar de aprender. Por isto, existem cerca de 40 definições propostas para responder o que é Dislexia, porém nenhuma delas universalmente aceita. Isto também acontece porque o profissional engajado em diferentes áreas da Educação e da Saúde e envolvido em pesquisas sobre facilidades e dificuldades de aprendizado, aborda o problema sob ângulos diferenciados e pelo enfoque de sua área específica de análise, acrescido de seu grau pessoal de conhecimento e sensililidade. É por isto que também existem mais de 100 diferentes nomes para identificar essa específica dificuldade de aprendizado, sendo que DISLEXIA é o que melhor pode traduzir essa síndrome, claramente diagnosticada através de seus sintomas e sinais. Dificuldade que levou a ser, só mais recentemente, considerada a Dislexia em seu significado de dificuldades com a Linguagem em seu sentido mais amplo, como:

Disgrafia é uma inabilidade ou atraso no desenvolvimento da Linguagem Escrita, especialmente da escrita cursiva. Escrever com máquina datilográfica ou com o computador pode tornar-se mais fácil para o disléxico. Na escrita manual, as letras podem ser mal desenhadas, borradas ou incompletas, com tendência à escrita em letra de forma. Os erros ortográficos, supressões ou substituições de letras, sílabas e números, como inversões do sentido direcional de letras e números – chamada escrita de espelho, ficam caracterizados com muita frequência… Ler mais sobre>

Discalculia – As dificuldades com a Linguagem Matemática são muito variadas em seus diferentes níveis e complexas em sua origem. Podem evidenciar-se já no aprendizado aritmético básico, como, mais tarde, na elaboração do pensamento matemático mais elaborado. Embora essas dificuldades possam manifestar-se sem nenhuma inabilidade em leitura, há outras que decorrem de dificuldades no processamento lógico-matemático da linguagem lida ou ouvida. As dificuldades mais graves são decorrentes da imprecisa percepção de espaço e tempo, na apreensão, coordenação e processamento de fatos matemáticos em sua devida ordem…Ler mais sobre>

Déficit de Atenção É a dificuldade de concentrar e de manter concentrada a atenção em objetivo central, para discriminar, compreender e assimilar o foco central de um estímulo. Esse estado de concentração é fundamental para que, através do discernimento e da elaboração do ensino, possa completar-se a fixação do aprendizado. A Deficiência de Atenção pode manifestar-se isoladamente ou associada a uma Linguagem Corporal que caracteriza a Hiperatividade ou, opostamente, a Hipoatividade…Ler mais sobre>

Hiperatividade – Refere-se à atividade psicomotora excessiva, com padrões diferenciais de sintomas: o jovem ou a criança hiperativa com comportamento impulsivo é aquela que fala sem parar e nunca espera por nada. Não consegue esperar por sua vez, interrompendo e atropelando tudo e todos. Porque age sem pensar e sem medir conseqüências, é comum que sempre tenha muitos hematomas e cortes. Um segundo tipo de hiperatividade tem características mais pronunciadas em sintomas de dificuldades de foco de atenção. É uma superestimulação nervosa que leva esse jovem ou essa criança a passar de um estímulo a outro, não conseguindo focar sua atenção em um único tópico. Assim, nos dá a falsa impressão de que é desligada mas, ao contrário, é por estar ligada em tudo, ao mesmo tempo, que não consegue concentrar-se em um único estímulo à sua volta, ignorando outros…Ler mais sobre>

Hipoatividade – A Hipoatividade se caracteriza por um nível baixo de atividade psicomotora, com reação lenta a qualquer estímulo. Trata-se daquela criança chamada “boazinha”, que parece estar, sempre, no “mundo da lua”, “sonhando acordada”. Comumente, o hipoativo tem memória pobre e comportamento vago, pouca interação social e quase não se envolve com seus colegas.
Na Primeira Infância:

1 – atraso no desenvolvimento motor desde a fase do engatinhar, sentar e andar;
2 – atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á pronúncia de palavras;
3 – parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo;
4 – distúrbios do sono;
5 – enurese noturna;
6 – suscetibilidade à alergias e à infecções;
7 – tendência à hiper ou a hipo-atividade motora;
8 – chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência;
9 – dificuldades para aprender a andar de triciclo;
10 – dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares.

Observação:

Pesquisas científicas neurobiológicas recentes concluiram que o sintoma mais conclusivo acerca do risco de dislexia em uma criança, pequena ou mais velha, é o atraso na aquisição da fala e sua deficiente percepção fonética. Quando este sintoma está associado a outros casos familiares de dificuldades de aprendizado – dislexia é, comprovadamente, genética, afirmam especialistas que essa criança pode vir a ser avaliada já a partir de cinco anos e meio, idade ideal para o início de um programa remediativo, que pode trazer as respostas mais favoráveis para superar ou minimizar essa dificuldade.

A dificuldade de discriminação fonológica leva a criança a pronunciar as palavras de maneira errada. Essa falta de consciência fonética, decorrente da percepção imprecisa dos sons básicos que compõem as palavras, acontece, já, a partir do som da letra e da sílaba. Essas crianças podem expressar um alto nível de inteligência, “entendendo tudo o que ouvem”, como costumam observar suas mães, porque têm uma excelente memória auditiva. Portanto, sua dificuldade fonológica não se refere à identificação do significado de discriminação sonora da palavra inteira, mas da percepção das partes sonoras diferenciais de que a palavra é composta. Esta a razão porque o disléxico apresenta dificuldades significativas em leitura, que leva a tornar-se, até, extremamente difícil sua soletração de sílabas e palavras. Por isto, sua tendência é ler a palavra inteira, encontrando dificuldades de soletração sempre que se defronta com uma palavra nova.

Porque, freqüentemente, essas crianças apresentam mais dificuldades na conquista de
domínio do equilíbrio de seu corpo com relação à gravidade, é comum que pais possam submete-las a exercícios nos chamados “andadores” ou “voadores”. Prática que, advertem os especialistas, além de trazer graves riscos de acidentes, é absolutamente inadequada para a aquisição de equilíbrio e desenvolvimento de sua capacidade de andar, como interfere, negativamente, na cooperação harmônica entre áreas motoras dos hemisférios esquerdo-direito do cérebro. Por isto, crianças que exercitam a marcha em “andador”, só adquirem o domínio de andar sozinhas, sem apoio, mais tardiamente do que as outras crianças.
Além disso, o uso do andador como exercício para conquista da marcha ou visando uma maior desenvoltura no andar dessa criança, também contribui, de maneira comprovadamente negativa, em seu desenvolvimento psicomotor potencial-global, em seu processo natural e harmônico de maturação e colaboração de lateralidade hemisférica-cerebral.
A Partir dos Sete Anos de Idade:

1 – pode ser extremamente lento ao fazer seus deveres:
2 – ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com muitos erros;
3 – copia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou não lê o que escreve;
4 – a fluência em leitura é inadequada para a idade;
5 – inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;
6 – só faz leitura silenciosa;
7 – ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para poder ouvir o som da palavra;
8 – sua letra pode ser mal grafada e, até, ininteligível; pode borrar ou ligar as palavras entre si;
9 – pode omitir, acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção de letras e sílabas;
10 – esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias ou semanas;
11 – é mais fácil, ou só é capaz de bem transmitir o que sabe através de exames orais;
12 – ao contrário, pode ser mais fácil escrever o que sabe do que falar aquilo que sabe;
13 – tem grande imaginação e criatividade;
14 – desliga-se facilmente, entrando “no mundo da lua”;
15 – tem dor de barriga na hora de ir para a escola e pode ter febre alta em dias de prova;
16 – porque se liga em tudo, não consegue concentrar a atenção em um só estímulo;
17 – baixa auto-imagem e auto-estima; não gosta de ir para a escola;
18 – esquiva-se de ler, especialmente em voz alta;
19 – perde-se facilmente no espaço e no tempo; sempre perde e esquece seus pertences;
20 – tem mudanças bruscas de humor;
21 – é impulsivo e interrompe os demais para falar;
22 – não consegue falar se outra pessoa estiver falando ao mesmo tempo em que ele fala;
23 – é muito tímido e desligado; sob pressão, pode falar o oposto do que desejaria;
24 – tem dificuldades visuais, embora um exame não revele problemas com seus olhos;
25 – embora alguns sejam atletas, outros mal conseguem chutar, jogar ou apanhar uma bola;
26 – confunde direita-esquerda, em cima-em baixo; na frente-atrás;
27 – é comum apresentar lateralidade cruzada; muitos são canhestros e outros ambidestros;
28 – dificuldade para ler as horas, para seqüências como dia, mês e estação do ano;
29 – dificuldade em aritmética básica e/ou em matemática mais avançada;
30 – depende do uso dos dedos para contar, de truques e objetos para calcular;
31 – sabe contar, mas tem dificuldades em contar objetos e lidar com dinheiro;
32 – é capaz de cálculos aritméticos, mas não resolve problemas matemáticos ou algébricos;
33 – embora resolva cálculo algébrico mentalmente, não elabora cálculo aritmético;
34 – tem excelente memória de longo prazo, lembrando experiências, filmes, lugares e faces;
35 – boa memória longa, mas pobre memória imediata, curta e de médio prazo;
36 – pode ter pobre memória visual, mas excelente memória e acuidade auditivas;
37 – pensa através de imagem e sentimento, não com o som de palavras;
38 – é extremamente desordenado, seus cadernos e livros são borrados e amassados;
39 – não tem atraso e dificuldades suficientes para que seja percebido e ajudado na escola;
40 – pode estar sempre brincando, tentando ser aceito nem que seja como “palhaço” ;
41 – frustra-se facilmente com a escola, com a leitura, com a matemática, com a escrita;
42 – tem pré-disposição à alergias e à doenças infecciosas;
43 – tolerância muito alta ou muito baixa à dor;
44 – forte senso de justiça;
45 – muito sensível e emocional, busca sempre a perfeição que lhe é difícil atingir;
46 – dificuldades para andar de bicicleta, para abotoar, para amarrar o cordão dos sapatos;
47 – manter o equilíbrio e exercícios físicos são extremamente difíceis para muitos disléxicos;
48 – com muito barulho, o disléxico se sente confuso, desliga e age como se estivesse distraído;
49 – sua escrita pode ser extremamente lenta, laboriosa, ilegível, sem domínio do espaço na página;
50 – cerca de 80% dos disléxicos têm dificuldades em soletração e em leitura.

Crianças disléxicas apresentam combinações de sintomas, em intensidade de níveis que variam entre o sutil ao severo, de modo absolutamente pessoal. Em algumas delas há um número maior de sintomas e sinais; em outras, são observadas somente algumas características. Quando sinais só aparecem enquanto a criança é pequena, ou se alguns desses sintomas somente se mostram algumas vezes, isto não significa que possam estar associados à Dislexia. Inclusive, há crianças que só conquistam uma maturação neurológica mais lentamente e que, por isto, somente têm um quadro mais satisfatório de evolução, também em seu processo pessoal de aprendizado, mais tardiamente do que a média de crianças de sua idade.

Pesquisadores têm enfatizado que a dificuldade de soletração tem-se evidenciado como um sintoma muito forte da Dislexia. Há o resultado de um trabalho recente, publicado no jornal Biological Psychiatry e referido no The Associated Press em 15/7/02, onde foram estudadas as dificuldades de disléxicos em idade entre 7 e 18 anos, que reafirma uma outra conclusão de pesquisa realizada com disléxicos adultos em 1998, constando do seguinte:
que quanto melhor uma criança seja capaz de ler, melhor ativação ela mostra em uma específica área cerebral, quando envolvida em exercício de soletração de palavras. Esses pesquisadores usaram a técnica de Imagem Funcional de Ressonância Magnética, que revela como diferentes áreas cerebrais são estimuladas durante atividades específicas. Esta descoberta enfatiza que essa região cerebral é a chave para a habilidade de leitura, conforme sugerem esses estudos.

Essa área, atrás do ouvido esquerdo, é chamada região ocipto-temporal esquerda. Cientistas que, agora, estão tentando definir que circuitos estão envolvidos e o que ocorre de errado em Dislexia, advertem que essa tecnologia não pode ser usada para diagnosticar Dislexia.

Esses pesquisadores ainda esclarecem que crianças disléxicas mais velhas mostram mais atividade em uma diferente região cerebral do que os disléxicos mais novos. O que sugere que essa outra área assumiu esse comando cerebral de modo compensatório, possibilitando que essas crianças conseguiam ler, porém somente com o exercício de um grande esforço.

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